História


A presença dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) no Porto e arredores não se limitou à pastoral das vocações - seminários e promoção vocacional -, mas depressa abarcou outros ramos da pastoral, de que sobressai a paróquia, nascida à sombra do primitivo seminário da Rua Azevedo Coutinho e amadurecida na atual paróquia de Nossa Senhora da Boavista.

Aberto o seminário, em 1958, na creche da fábrica da Sociedade William Graham da Rua Azevedo Coutinho, a sua capela, feita oratório público, passa a acolher a população local para os atos de culto, nomeadamente Missa e práticas devocionais; a área pertencia então à paróquia de Ramalde. O seminário amplia-se, desdobra-se e, em 1968, transfere o 1º ciclo para o novo edifício da Portelinha (Gondomar). Três anos mais tarde, em 1971, também o 2º ciclo para lá se transfere, ficando no edifício da Rua Azevedo Coutinho apenas a comunidade religiosa, encarregada, entre as demais atividades, da assistência religiosa à área circunstante, onde a dita Sociedade está a construir um moderno e modelar complexo urbanístico - o Parque Residencial da Boavista - que, entre outras valências, teria também uma igreja com respetivas estruturas logísticas. Os Dehonianos já haviam acolhido a proposta do então Administrador Apostólico da diocese de assumirem a futura paróquia, a que se entendia dar o nome do Santo Condestável.

Havia agora que levar a Sociedade a definir o terreno destinado à igreja e a fazer a passagem deste para a diocese, garantindo os direitos de propriedade que a Congregação já ali tinha. Papel relevante nas negociações com a Sociedade e, depois, na concretização do inteiro projeto paroquial, teve o Padre Júlio Carrara, que desde 1965 até à data, membro da comunidade religiosa da Rua Azevedo Coutinho, e com funções de Superior Delegado e Conselheiro Provincial nos difíceis anos de negociação para definir e pôr as bases da nova obra. A Sociedade cederia o terreno só depois de concluído o projeto, que lentamente iam traçando os seus arquitetos, alheios às novas exigências conciliares.

Em 1973 é criada a paróquia experimental intitulada de Nossa Senhora da Boavista, com a fixação dos limites territoriais, que são os atuais, já então incluindo, o Bairro de Francos. Todavia, a aprovação definitiva da Paróquia só será declarada a 30 de Maio de 2011, por D. Manuel Clemente, Bispo do Porto.

As turbulências socioeconómicas do pós-25 de Abril viriam criar dificuldades à Sociedade William Graham, comprometendo as promessas feitas e as esperanças da jovem paróquia.

Três foram as fases no capítulo da construção material. Numa primeira, construiu-se a igreja, com bênção da primeira pedra em dezembro de 1977 e inauguração a 31 de maio de 1981 por D. António Ferreira Gomes. O edifício do seminário continuaria, entretanto, a as¬segurar alguns serviços paroquiais. Veio, depois, a se¬gunda fase: a construção da primeira parte do Centro Social Paroquial, com a bênção da primeira pedra a 31 de maio de 1986 e inauguração a 25 de maio de 1991. Era um edifício moderno, de rés-do-chão e primeiro andar, ao lado do velho seminário que continuava de pé.

Destinava-se ao acolhimento de jovens e idosos, com um centro de dia para a terceira idade, um centro de apoio para jovens com espaço para ocupação de tempos livres e salas de catequese, um salão polivalente para atividades várias (ginástica, festas, palestras e exposições...) e um centro de enfermagem assegurado pelo voluntariado da paróquia. Em 1995 passava-se à terceira fase, que comportaria a demo¬lição do antigo seminário, para dar lugar a um outro edifício com novas estruturas e serviços, incluindo a residência e o cartório paroquiais e mais salas. Este novo edifício, que completava o Centro Social, foi inaugurado a 31 de maio de 1997. Tem quatro pisos: no subterrâneo existe um salão para exposições e atividades várias, com um espaço de convívio para os mais jovens; no rés-do-chão estão os gabinetes de trabalho dos padres, a secretaria paroquial e uma sala polivalente; no primeiro andar, salas para atividades da paróquia e, no último, a residência paroquial.

No território da paróquia há um bairro popular - o Bairro de Francos -, onde desde há muitos anos se celebra o culto e inclusive se presta um serviço social à população local. Quando os Dehonianos assumiram a paróquia, já lá funcionava, além de uma escola primária, uma obra social: um "patronato de meninas", orientada por uma Congregação religiosa feminina. Depressa aberto a ambos os sexos, a outras idades e a outras valências - biblioteca, escola de alfabetização e de costura, centro de convívio -, tornar-se-ia um pólo muito frequentado, onde inclusive se celebrava o culto religioso. Também para ele foram as atenções e cuidados do pároco e comunidade paroquial. Deixada a escola e obtido da Câmara um terreno para a construção de uma futura igreja, nele se construíram pre¬fabricados: um para o culto religioso, outro para acolhimento de idosos, e não só, e um outro para jovens, tipo ATL. Em 2011-2012, foi finalmente construída a igreja com lotação para 200 pessoas sentadas. A Igreja dos Pastorinhos foi solenemente dedicada a 17 de Junho de 2012 por D. Manuel Clemente, Bispo do Porto. Em 30 de Setembro deste mesmo ano dá-se a tomada de posse do novo Pároco, o Pe Feliciano de Sousa Moreira Garcês e do Vigário Paroquial Pe José Nélio da Silva Gouveia.

A paróquia da Boavista do Porto, na sua dupla valência religiosa e social, reflete bem o carisma dehoniano, que procura instaurar o "Reino do Coração de Jesus nas almas e na sociedade".