Órgão de Tubos

O órgão de tubos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boavista foi construído em 2004 pelo organeiro Joaquín Lois Cabello de Tordesilhas, Espanha. Trata-se do único exemplar existente em Portugal deste organeiro que, embora mais dedicado ao restauro de órgãos históricos, tem também um pequeno número de instrumentos recentes saídos da sua oficina. Sintéticos na descrição das componentes técnicas, dada a complexidade de um instrumento deste tipo, apresentá-lo-emos em linhas gerais.

O instrumento encontra-se instalado entre a assembleia e o altar, junto do baptistério. Ainda que esteticamente revele um traço moderno, sintónico com o espaço arquitetónico em que se insere, sonoramente trata-se de um instrumento projetado segundo a estética barroca, inspirando-se mais concretamente nas escolas espanhola e francesa daquele período da organaria. É aquilo que, com algum compromisso, podemos chamar de órgão neobarroco.
É constituído por três secções que se justapõem e completam entre si: 1ª secção: Grande Órgão acionado pelo Manual I, primeiro teclado a contar de baixo, de extensão Dó – sol’’’ perfazendo 56 teclas; 2ª secção: Positivo de Peito acionado pelo Manual II, segundo teclado a contar de baixo, de igual extensão que o primeiro, portanto também 56 teclas; 3ª secção: Pedaleira, teclado tocado com os pés, de extensão Dó – fá’ perfazendo 30 teclas. É possível o acoplamento entre as diversas secções através dos mecanismos próprios: I / P; II / P; II / I.

Os diferentes timbres do instrumento encontram-se ao dispor através de 22 registos distribuídos pelas três secções: 10 registos para o Grande Órgão; 8 registos para o Positivo, sendo um deles dividido; e 4 registos para a Pedaleira, fazendo soar as três secções um total de 1436 tubos. Cada registo corresponde a uma família de tubos com características próprias, emitindo um som comum que individualiza esse registo enquanto tal. No fundo cada registo é como se de um instrumento se tratasse, pelo que reunidos neste único instrumento – o órgão – é como se estivessem 22 instrumentos diferentes. Temos portanto uma verdadeira orquestra ao dispor.

 

Para além do seu uso habitual na liturgia, neste instrumento realizam-se concertos todos os anos e ao longo de todo o ano. Desde a sua inauguração vem inserido no Ciclo de Órgão e Música Sacra da cidade do Porto – Vox et Organum. Desejamos que a presença deste instrumento sirva na liturgia como meio de comunicação entre o humano e o divino, e sirva nas manifestações de arte como veículo dos sentimentos e das sensações estéticas mais belas que o Homem pode alcançar. E que a sua música nos aproxime mais de Deus!

Nuno Mimoso

Esquema sumário das características do instrumento

SEÇÃO EXTENSÃO REGISTOS ALTURA (em pés)

Manual I

Organo
Mayor

Dó – sol’’’

(56 notas)

Flautado 8’
Flautado violão 8’
Oitava real 4’
Nazardo en oitava 4’
Docena nazarda 2 2/3’
Quincena 2’
Nazardo en quincena 2’
Nazardo en tercera 1 3/5’
Cheio 4-5f  
Trompeta real 8’

 

SEÇÃO EXTENSÃO REGISTOS ALTURA (em pés)

Manual II

Positivo
de
Pecho

Dó – sol’’’

(56 notas)

Flautado tapado 8’
Oitava 4’
Tapadilho 4’
Quincena 2’
Dezanovena 1 1/3’
Vintedocena 1’
Corneta 3f – baixo  
Corneta 3f – tiple  
Orlos 8'
Temblante  

 

SEÇÃO EXTENSÃO REGISTOS ALTURA (em pés)

Pedaleira

Dó – fá’

(30 notas)

Contras Tapadas 16'
Flautado 8'
Oitava 4'
Trompeta 8'

 

Bibliografia existente

  • O Órgão de Tubos da Igreja de Nossa Senhora da Boavista, Paróquia de Nossa Senhora da Boavista, Porto, 2004
  • Manuel Valença, Organística e Liturgia, Editorial Franciscana, Braga, 2006, pp. 111-112